Alegria de ser (Nivaldo Ornelas – Ana de Hollanda)
Nivaldo me contou que a melodia de Alegria de ser foi composta numa madrugada em que ele olhou para o céu limpo e flagrou uma estrela cadente. A partir daí descrevi o deslumbramento de assistir a passagem da noite para o nascer do dia na cidade do Rio de Janeiro.
Beija-Flor, colibri (Novelli – Ana de Hollanda)
A melodia de Beija-flor, colibri me trouxe, desde o início, uma sensação da nostalgia de uma pureza inatingível ou muito distante, talvez utópica. A beleza do pássaro que vive a sugar flores e a natureza em extinção me levou a lembranças e romantismos quase apagados em minha memória.
Estrada da Vida (Helvius Vilela – Ana de Hollanda)
Essa toada mineira atinou em mim a imagem da estrada, e daí para a “estrada da vida” que traçamos na infância, juventude e, no decorrer dos anos, vemos se dissolver e se afastar do que planejamos até que, em dado momento, de forma inesperada, reconhecemos os sinais daquela tal estrada.
Choro por um silêncio (Ana de Hollanda)
Inicialmente compus as frases musicais de um choro-canção que foi tomando caminhos estranhos, misteriosos, e daí essa letra.
Por si só (Nivaldo Ornelas – Ana de Hollanda)
Foi minha primeira parceria com Nivaldo. A melodia me parece uma súplica e eu segui o que ela me dizia.
Tropeço (Alexandre de la Peña – Ana de Hollanda)
Essa melodia cheia de caminhos e voltas me insinuava um enredo detalhado. Comentei com Alexandre e ele concordou que ela contava uma história e nós só tínhamos que descobrir qual era. Foi o desafio que me motivou.
Jogos de Azar (Lucina– Ana de Hollanda)
Foi inspirada numa história fantástica de duas amigas que viveram até as últimas conseqüências os sonhos românticos da era hippie.
Canção para Aninha (Jards Macalé – Ana de Hollanda)
Macalé compôs a melodia de Canção para Aninha a partir de uma antiga canção de ninar americana, Rock-a-bye Baby, que minha mãe cantava para os filhos e netos, assim como o fez no batizado de minha netinha Ana, no qual ele estava presente. Macal recordou-se então desse acalanto que sua avó também lhe entoava.
Minha Criança (Nivaldo Ornelas – Ana de Hollanda)
Nivaldo estava com uma encomenda de canções infantis para algum trabalho e me entregou essa valsinha para letrar. Baixou uma menininha em mim e fui embora.
Eu e você (Helvius Vilela – Ana de Hollanda)
Essa melodia me lembrou imediatamente o clássico Tea for Two. Daí emendei pra um “me for you and you for me”, ambientado para nossas praias.
Novo amigo (Novelli – Ana de Hollanda)
Essa melodia é de uma tristeza dilacerante. Para encontrar palavras que traduzissem a dor que ela me provocava, eu criei situações, sensações, chorei junto, enfim, até hoje cobro Novelli pelo tanto que me fez sofrer.
Que me tira o juízo (Helvius Vilela – Ana de Hollanda)
Esse bolero não me motivava a pensar, sentir nada a não ser uma vontade louca de dançar e me deixar levar por esse ritmo delicioso. Fiz isso por um bom tempo até perceber que era exatamente esse o mote.
Balada (Jards Macalé – Ana de Hollanda)
Balada me lembra aquelas músicas americanas que nós, as irmãs, e às vezes os irmãos, cantávamos em casa, e cada um fazia sua gracinha. Chamei Miúcha, Piii e Cristina, e dividimos as vozes. Na véspera da gravação Miúcha caiu e fraturou o pé, o que a impediu de subir os cinco lances de escadas estreitas do estúdio. Assim, as três “Hollandetes” (batizadas pelo Maurício Carrilho) gravaram-na, permitindo, por motivos óbvios, a participação vocal do Hélvius Vilela.
Só na canção (Cláudio Guimarães – Ana de Hollanda)
Essa é uma daquelas belas canções que por si só dizem tudo. Na medida em que eu escutava, pensava em tantas canções que descrevem histórias fictícias ou não, e emocionam sempre porque tornam presentes situações fortes que talvez nunca tenham existido. Mas o que importa é que a canção tem a capacidade de tornar imortal aquele momento ou sentimento.
Um Filme (Jards Macalé-Ana de Hollanda)
Ao receber a melodia de Macalé, entrei naquela agonia de encontrar o mote da música. Escutando sem parar, começaram a surgir imagens de situações. Descobri aí o irrestrito poder do autor, no caso letrista, de criar o roteiro a seu gosto, escolhendo o enredo como lhe convém. Nesse processo, percebi também ser, para mim, indispensável visualizar as imagens e situações como em um filme cinematográfico.
Contra Mim (Kleber Costa e Ana de Hollanda)
Kleber me entregou essa canção cheia de misteriosos caminhos melódicos. Linda e torturante, parece se perguntar, o tempo todo, pelos mistérios e contradições de nossas escolhas. Nada é confortável, são perguntas sem respostas que a vida nos apresenta.
Girando sob a Tempestade (Ana de Hollanda)
Inicialmente visualizei a imagem de uma mulher, de uma alucinada, cantando e dançando debaixo da tempestade, numa referência explicita à felicidade de Gene Kelly em Singin' in the Rain. A euforia incorpora a violência da tempestade, lava as dores passadas e, quando cessam ao sinal de luz prateada, abre-se perspectivas para um incerto, mas desejado futuro.